Debate “Madeira: Sustentabilidade do destino turístico”

Debate “Madeira: Sustentabilidade do destino turístico”
27
out 2018

Madeira: Sustentabilidade do destino turístico” foi o tema da mesa debate promovida pelo Partido Socialista-Madeira, no âmbito dos Estados Gerais, e que juntou, na Ribeira Brava, convidados ligados ao setor.

Paulo Cafôfo destacou o facto de a Madeira ter mais de 200 anos de história em termos de turismo e ser um destino consolidado, mas alertou para os riscos de uma postura apática. ”Hoje em dia, existe uma competitividade enorme e nós temos de saber melhorar o nosso desempenho para não ficarmos atrás”, considerou Paulo Cafôfo, defendendo que “é preciso trazer consistência ao nosso destino” e que essa consistência só se consegue se preservarmos a nossa identidade. “O nosso fator de diferenciação é essencial para a sustentabilidade do destino Madeira”. Paulo Cafôfo questiona «se temos feito tudo o que era possível fazer para trazer consistência e preservar a nossa identidade, ou se estamos simplesmente a gerir a conjuntura, não tornando duradouros os bons resultados nos últimos anos do turismo”.

Para o candidato do PS-M à presidência do Governo Regional, o turismo tem de ser visto numa perspetiva de inovação e de reinvenção do produto turístico regional. Para isso, identifica três áreas essenciais: a acessibilidade e a mobilidade, com a questão do aeroporto a ter um papel fundamental; a promoção do destino Madeira e a requalificação do produto em termos do edificado, do natural e do cultural.

“Este produto que nós temos é único. Considero que temos tudo. Falta, se calhar, é darmos consistência e olharmos para o futuro e tornarmo-nos competitivos. E, para tornarmo-nos competitivos, temos de ser atrativos», vincou Paulo Cafôfo.

Roland Bachmeier, administrador da Galo Resorts e convidado desta sessão, apontou que a sustentabilidade dentro da hotelaria hoje em dia é rentável e viável. “Acho que os meus colegas têm também de começar a repensar e fazer outros conceitos para o futuro”, considerou. Roland Bachmeier deu alguns exemplos de medidas que devem ser seguidas com vista à sustentabilidade e defendeu a importância de “arregaçar as mangas e trabalhar em prol da Madeira, porque a Madeira é um diamante cru, que temos agora de limpar e pôr no mundo. A sustentabilidade tem muitos campos. Pode ser natureza, cultura, as pessoas. É um conjunto de muito fatores e acho que temos de trabalhar em todos”, afirmou.

Por seu turno, Daniel Frey, consultor, considerou que, hoje em dia, a sustentabilidade para um destino, a diferenciação e o posicionamento são um “must”, mas ainda são entendidos como uma opção. Na opinião deste consultor, que trabalha na área da sustentabilidade, é fundamental uma colaboração entre os “stakeholders”.

“A maioria de nós – os empresários e os políticos – sempre tem um curto prazo na sua visão e temos de começar a pensar no longo prazo, para fazer a coisa certa pela preservação dos nossos patrimónios, quer seja histórico, cultural e ambiental”, salientou. Segundo Daniel Frey, até agora, a maioria das empresas trata a sustentabilidade como uma componente separada, defendendo, por isso, que «precisamos de um diálogo e uma colaboração entre todas as entidades, sem fronteiras políticas».

Já Nuno Mateus, diretor do operador turístico Solférias, destacou o facto de a Madeira ser uma referência em termos de turismo, mas constatou também que tem muitas condicionantes, considerando que é muito importante pensar nas companhias aéreas que chegam à Região. «Houve três companhias aéreas que voavam para a Madeira que deixaram de operar e a grande discussão é que companhias é que vão substituir essas, porque, em termos de condições naturais e em termos de beleza, a Madeira é um destino espetacular e está a incrementar consideravelmente o número de camas», declarou. Segundo afirmou, a Madeira é um grande destino turístico e tem potencial para crescer, sendo que isso é algo de que todos os madeirenses têm de se orgulhar.

Sérgio Gonçalves, coordenador da área da Economia dos Estados Gerais do PS-M, explicou o porquê da discussão da sustentabilidade em turismo. “Vivemos um momento em que a conjuntura não é tão favorável como foi em anos recentes e, além disso, continuamos a ter problemas com as acessibilidades, continuamos a discutir mais investimento para promoção e o nosso posicionamento estratégico”, afirmou. “Nada disto faz sentido se não houver uma visão integrada relativamente ao produto”, tendo em conta que o produto é fundamental, porque é a razão pela qual as pessoas nos visitam.

O presidente do PS-Madeira, Emanuel Câmara, também marcou presença na iniciativa, tendo destacado a importância de debater o turismo. O também presidente da Câmara Municipal do Porto Moniz mostrou a sua preocupação em relação às assimetrias entre a costa norte e a costa sul da Madeira. Referindo-se ao facto de o turismo estar «centralizado na costa sul, esquecendo-se o norte», Emanuel Câmara considerou que este é um problema que tem de ser combatido.

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Ribeira Brava

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